Mourinho: o perigo da ilusão

O Benfica é uma espécie de Deus na Terra para Mourinho.
O clube tem uma história e uma massa associativa ímpar no mundo.
Tem um ícone, Eusébio, para mostrar nos quatro cantos do Globo.
No plano interno, é o clube com mais títulos principais, campeonato nacional e Taça de Portugal.
Mas, internacionalmente, nas competições internacionais, o Benfica não pode ombrear com outros grandes clubes internacionais.
O Benfica não vence uma Taça Europeia há mais de 60 anos. São muitos anos.
A glória do Benfica é assim, uma glória do passado histórico e uma glória doméstica, um pouco como Portugal é uma glória do passado e a alimenta internamente através do saudosismo dos Descobrimentos e do Quinto Império, a começar nos bancos de escola, com o destaque que é dado aos capítulos épicos dos Lusíadas de Camões e à Mensagem de Fernando Pessoa.
No futebol actual, a gestão é fundamental. Ainda mais em Portugal, um país periférico onde o investimento global no futebol e as receitas que gera, são muito menores.
Contratar o treinador e o jogador certos, com um faro único, sem serem ainda estrelados (e, por isso, mais baratos) é essencial. Pelo menos, como uma das variáveis para uma estratégia vitoriosa.
Como fez o FC Porto com Artur Jorge e Mourinho (tendo uma estrutura oleada que os fez singrar). Tanto que foi campeão europeu com estes técnicos.
Como fez o Sporting com Ruben Amorim, não conseguindo esperar para ver onde este técnico podia levar o clube internacionalmente.
Em matérias de jogadores, como fizeram o FC Porto com Jardel e o Sporting com Gyokeres.
Em conclusão, há que ter muito cuidado com as expectativas sobre Mourinho no Benfica e não cair na ilusão.