Cunhal queria parada militar à soviética no 1º de Maio

O líder do PCP, Álvaro Cunhal, chegou a Portugal, vindo da clandestinidade em Moscovo, a 30 de Abril de 1974, 5 dias após o golpe de Estado do MFA.
No dia seguinte, esteve no Estádio 1º de Maio a celebrar o Dia do Trabalhador, juntamente com o líder do futuro Partido Socialista, Mário Soares, numa grande manifestação que reuniu cerca de meio milhão de pessoas em Lisboa.
No seu discurso, Cunhal, cheio de fulgor revolucionário, demonstrou esperança que daí a um ano, na mesma efeméride do Trabalhador, se fizesse uma parada militar, cerimónia muito comum na URSS a 7 de Novembro, Dia da Revolução russa no ano de 1917.
O Objectivo recorda as palavras de Cunhal nesse dia, coligidas pelas Edições Avante logo no ano de 1974:
“Fazemos votos para que, no próximo ano, no 1.° de Maio, já num regime democrático, já acabada a guerra, tenha lugar, não só uma grande manifestação dos trabalhadores e de todo o nosso povo, mas também (se assim o desejarem e decidirem os seus dirigentes) uma parada das forças armadas leais aos ob-jectivos democráticos do movimento revolucionário de 25 de Abril.”
Mas o desejo de Cunhal nunca se realizou. Não houve parada militar no 1º de Maio de 1975 e este já foi comemorado em ambiente de forte tensão entre o PCP e o PS por causa da polémica questão da unicidade sindical.