Champalimaud para Spínola: mate Vasco Gonçalves, Otelo e Costa Gomes

O Presidente da República, António de Spínola, chamou o industrial António Champalimaud ao Palácio de Belém no 28 de Setembro de 1974, quando a tentativa de golpe de Estado de uma autodenominada manifestação da “maioria silenciosa” queria impedir a viragem à esquerda do país, então protagonizada pelos governos do primeiro-ministro Vasco Gonçalves e pelo MFA.
Spínola disse a Champalimaud que estava a sofrer pressões para se demitir da Presidência da Republica em face do seu apoio à manifestação da “maioria silenciosa” e pediu-lhe conselho. O industrial, no seu jeito prático de negócios, respondeu-lhe desabridamente: “Mate-os”.
No livro “Ataque aos Milionários”, da editora Esfera dos Libros; o jornalista Pedro Jorge Castro conta esta história, que lhe foi narrada pelo filho de António Champalimaud, Luís Campalimaud, que por sua vez transmite a história que o pai lhe confessou:
“Pela meia-noite, uma das pessoas chamadas pelo Presidente [da República António de Spínola] é o empresário António Champalimaud, com quem Spínola tinha alguma proximidade desde os tempos em que integrara a administração da Siderurgia Nacional. Os contactos com o industrial tinham-se intensificado desde que o general se tornara presidente. Quando o empresário chega a Belém, Spínola diz-lhe que Vasco Gonçalves, Otelo e Costa Gomes lhe estão a exigir que se demita e pergunta o que há-de fazer. Champalimaud contará mais tarde aos filhos que colocou a mão na arma do presidente e disse: ‘Mate-os.’ Mas Spínola respondeu que não podia fazer isso a companheiros de armas”.