Como Luís Pacheco agradeceu a Mário Soares dar-lhe 650 contos

Em 1994, o escritor Luís Pacheco, doente e em grandes dificuldades financeiras (como aconteceu em boa parte da sua vida), telefonou a Mário Soares, então Presidente da República, para o ajudar. Correspondia a uma manifestação anterior de Soares junto de si de que se precisasse bastava telefonar.
Mário Soares enviou-lhe de imediato um envelope com 650 contos, cerca de 4 mil euros aos valores de hoje.
Mais tarde, Luís Pacheco retribuiu a Soares com uma edição especial do seu livro, Comunidade.
Foi a 9ª edição, de 500 exemplares autografados pelo autor e com uma fotografia de Pacheco na contracapa.
Na dedicatória, o escritor escreveu: “Esta edição de Comunidade, a 9.ª (20.º milhar) é especialíssima, dedicada, em preito de HOMENAGEM e GRATIDÃO a Sua Excelência o Presidente da República Portuguesa, Dr. Mário Soares”.
As fotografias da obra foram da autoria de Dulce Fernandes.
Anos mais tarde, Luís Pacheco, sempre cáustico, igual a si próprio, referiu em entrevista ao escritor João Pedro George, no livro “O Crocodilo que voa” (editora Tinta da China) sobre os 650 oferecidos por Mário Soares : “não sei se do bolso dele, se donde. Nem me interessa, para mim até pode ser lavagem de dinheiro”.