Cunhal arrasou extremismo de esquerda
Persconferentie van de leider van de Portugese Communistische Part ij, Alvaro Cunhal in Krasnapolsky in Amsterdam; vlnr Albano Nunes , Domingos Abrantes en Cunhal *17 april 1980
No Comité Central do PCP em Alhandra, a 10 de Setembro de 1975, a reunião comunista que decidiu a ligação com os moderados do MFA, Cunhal atacou sem piedade os militantes mais à esquerda do partido. Considerou-os sem “sensibilidade política” e “sectários”. Tudo por causa de uma bandeira do PCP colocada no automóvel de Otelo Saraiva de Carvalho quando este chegou a Lisboa em Julho de 1975, vindo de Cuba, onde fora comemorar o aniversário da revolução cubana de 26 de Julho.
Críticas de Cunhal, com receio de conotações do PCP a Otelo, que não foram alheias ao facto de o então comandante do COPCON ter na chegada à capital proferido a seguinte frase radical para a comunicação social: “Oxalá que nós não tenhamos de meter no Campo Pequeno os contrarrevolucionários antes que eles nos metam lá a nós”.
O Objectivo lembra uma parte da intervenção de Cunhal no Comité Central de Alhandra (in A crise político-militar : discursos políticos (5) : Maio-Novembro de 1975, Edições Avante).
“Um outro exemplo é dado por uma pessoa que à chegada de Otelo Saraiva de Carvalho, vindo de Cuba, desfraldou uma bandeira do PCP sobre o automóvel. Talvez se trate de um camarada sem nenhuma sensibilidade política, prejudicando muito mais do que nós podemos pensar a nossa actividade em relação às forças militares e à nossa aliança com elas.
Já vistes a interpretação que pode ser dada?
O comandante do COPCON chegado de Cuba, etc., a ver-se enquadrado em toda a imprensa mundial, em todas as televisões do Mundo, pela bandeira do Partido Comunista Português com a foice e o martelo!
E evidente que, se dissesse ‘isto não era um comunista, era um agente da CIA’, eu acreditava que um agente da CIA o fizesse. Mas quase certamente, quase certamente, era um militante do Partido Comunista Português, mas um militante com falta de sensibilidade e profundamente sectário. Mais ainda: estando rodeado de militantes do Partido Comunista Português, porque eram militantes que ali estavam, nenhum teve a sensibilidade necessária para tirar essa bandeira. Apesar de que a bandeira estava la, era vista de longe e esteve lá suficientes minutos para que um camarada que tivesse sensibilidade política compreendesse a situação e dissesse: tira daí essa bandeira, essa bandeira não deve estar aí. Isto é um exemplo, é uma ilustração, mas bem típica do sectarismo, duma jactância sectária de Partido que muitas vezes grita ‘PCP’ onde não deve gritar, que muitas vezes põe as bandeiras onde não deve pôr as bandeiras”
