Por que é que Gouveia e Melo não pode ser Presidente da República

Generais e almirantes foram candidatos presidenciais contra o regime do Estado Novo de Salazar, o general Norton de Matos, o almirante Quintão Meireles, o general Humberto Delgado.
O general Craveiro Lopes, Presidente da República entre 1951 e 1958, também fez oposição ao regime após sair de Belém.
Militares como o general Botelho Moniz e o capitão Henrique Galvão desenvolveram ações contra o regime de Salazar.
Em 25 de Abril de 1974, foram os militares do MFA que instauraram a democracia e puseram fim à guerra colonial.
Em períodos de ditadura, os militares, face à sua formação — bem preparados ao nível da organização e disciplina — e aos apoios que podem obter junto das Forças Armadas, são actores essenciais para as tentar derrubar, devendo depois transmitir aos civis, mais tarde ou mais cedo, o poder que conquistaram.
Já em democracia, a participação de militares no processo político, pode comprometê-la, diminuindo perigosamente a sua qualidade.
Em democracia, pelas mesmas razões da sua formação, os militares são mais propensos a serem aversos à diversidade, reagir pior às tensões sociais e procurar menos a conciliação, desafios fundamentais numa democracia.
Como representantes de um forte corpo corporativo, que detém as armas, os militares também são mais propensos a defenderem os interesses, as conveniências ou mesmo os aventureirismos das Forças Armadas.
É por isso que, num país com uma democracia já madura, o Almirante Gouveia e Melo não pode ser eleito Presidente da República.