Quando Cunhal tocou à campainha de Melo Antunes e este não respondeu
Persconferentie van de leider van de Portugese Communistische Part ij, Alvaro Cunhal in Krasnapolsky in Amsterdam; vlnr Albano Nunes , Domingos Abrantes en Cunhal *17 april 1980
O então líder do PCP, Álvaro Cunhal, diz no livro A Verdade e a Mentira na Revolução de Abril (edições Avante) que no dia 24 de Novembro de 1975 “tocou repetidas vezes à porta” de Melo Antunes, líder político dos militares moderados do MFA e então MNE do VI Governo Provisório, e “ninguém respondeu”.
“Sobre esse encontro apareceram, nos órgãos de comunicação social, depoimentos e notícias com falsas versões e graves inexactidões, que não correspondem aos factos por uma simples razão: é que no dia 24, à hora marcada, o autor deste ensaio se dirigiu à casa indicada (Estrada da Luz, n.° …), tocou repetidas vezes à porta e ninguém respondeu. Isto é, o encontro não se realizou. Confusão, dos que disseram o contrário, com encontros com outras pessoas? Faltas de memória?” escreve Cunhal.
Melo Antunes confirmou o encontro à revista Vida Mundial de Dezembro de 1998. Cunhal desmente-o para ser fiel à verdade. Tanto Cunhal como Melo Antunes tinham uma convergência estratégica no sentido de salvaguardar o PCP da reação militar moderada a um golpe esquerdista ou gonçalvista no 25 de Novembro de 1975, Daí que no dia 26 de Novembro de 1975, Melo Antunes tenha referido à RTP que o PCP era fundamental para a “democracia portuguesa”. Quanto a Cunhal, desde a aprovação da estratégia de concertação com alguns sectores militares moderados do MFA, no Comité Central de Alhandra em 10 de Agosto de 1975, que o líder do PCP definia como objectivo impedir uma nova ditadura de direita e manter o partido dentro do sistema partidário.
