Como é que o populismo nasce
Não, o populismo não nasce de uma cultura do incumprimento das regras pelos feios, porcos e maus.
O populismo nasce da má governação, que afeta sobretudo as classes mais pobres, muito dependente dos serviços públicos.
O populismo nasce da falta de planeamento e capacidade de previsão dos problemas do SNS durante décadas. Hoje o resultado é a falta de médicos e serviços no SNS. Grávidas e fetos a morrerem ou grávidas a terem os filhos na rua e nos automóveis, assistidas por pais e familiares aflitos. Urgências fechadas. Falta de médicos de família e de consultas de especialidade.
O populismo nasce da “monocultura” do turismo, que na última década fez proliferar hotéis e alojamentos locais nas principais cidades, retirando milhares de casas do arrendamento e venda para habitação. Com um efeito cascata destas cidades para as cidades das periferias.
O populismo nasce de uma imigração de luxo de portas abertas nos últimos dez anos, que fez disparar preços da habitação, preços de refeições e de produtos alimentares.
O populismo nasce de uma justiça para pobres que não funciona.
O populismo nasce de um sistema de ensino sem uma estratégia adequada à revolução tecnológica e à inteligência artificial, ministrando matérias e adoptando metódos como os de há 50 anos.
O populismo nasce da quase total ausência de psicólogos nos serviços de saúde, nas escolas e no sistema prisional.
O populismo vive da falta de apoios para a Terceira Idade e da falta de cuidados paliativos.
O populismo nasce do aumento crescente das assimetrias e desigualdades entre os estratos sociais mais ricos e os mais pobres.
