PSD sempre quis abater Balsemão como primeiro-ministro
Francisco Pinto Balsemão foi o primeiro-ministro mais contestado na democracia portuguesa pelo seu próprio partido, o PSD.
Diogo Freitas do Amaral, então líder do CDS, vice-primeiro-ministro dos governos de coligação AD de Balsemão (VII e VIII Governos constitucionais) conta nas suas Memórias Políticas (II volume 1976-1982, Bertrand Editora, Lisboa 2008) o seguinte:
“os Governos do Dr. Francisco Pinto Balsemão tinham sido Governos frágeis, minados pela permanente contestação de que, dentro do PSD, o Primeiro-Ministro era alvo. Cada Conselho Nacional do partido — e havia muitos — era uma batalha campal, em que a autoridade do líder era sempre posta em causa. A tal ponto que o semanário “O Jornal”, em meados de Agosto de 1982, após mais um Conselho Nacional tempestuoso, definia assim, com verdade e maldade, a situação que se vivia: “Balsemão: de vitória em vitória até à derrota final”.
Pior do que isso: a partir da Primavera de 1982, vários dos Ministros do PSD vinham ter comigo no final dos Conselhos de Ministros — sobretudo quando eram presididos por mim — e, queixando-se da falta de autoridade do Primeiro-Ministro sobre o Governo e sobre o partido, diziam-me: –Professor: o senhor tem de deitar abaixo este Governo. Assim não vamos a parte nenhuma!
Eu, que não podia faltar à solidariedade que prometera ao Primeiro-Ministro, respondia sempre do mesmo modo: — Mas ele é o líder do vosso partido: o problema é do PSD.
Ao que eles retorquiam: — Pois… Mas só você é que tem autoridade, na AD, para derrubar o Governo”.
